Total de sondagens está perto de superar 2020; institutos são questionados por irregularidades
Fenômeno crescente, o uso de sondagens se intensificou no atual processo eleitoral, e casos de levantamentos com suspeitas de irregularidades pipocam país afora. Nas últimas semanas, foram identificadas distorções nos dados, faixas do eleitorado ignoradas nas entrevistas e até pessoas de outras cidades sendo ouvidas. A Justiça chegou a derrubar pesquisas em estados como Rio, Paraíba e Piauí, por exemplo. A 20 dias das eleições deste ano, cinco estados do Nordeste tinham mais levantamentos do que em todo o período de campanha em 2020, incluindo até o segundo turno.
Até a última terça-feira, já eram 8,2 mil levantamentos registrados no país. Nesse mesmo período, em 2020, eram 5 mil. A eleição daquele ano acabou com 10,9 mil pesquisas no final do segundo turno. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na Paraíba, já há o dobro de levantamentos agora do que há quatro anos. Em Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe também já há mais pesquisas neste momento das eleições do que em todo 2020.
A avaliação de especialistas é a de que há uma série de questões estruturais que estabeleceram um cenário propício para a realização de pesquisas. Entre elas, estão o aumento da escolarização de moradores do interior, a descentralização da economia, a interiorização das estruturas partidárias e o aumento da competitividade das disputas eleitorais.
— O Nordeste, por exemplo, está vivendo um crescimento econômico, o que proporciona mais pesquisas — avalia João Francisco Meira, sócio do Instituto Vox Populi e diretor da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep).
No entanto, esse boom traz desafios importantes. Alguns institutos são criados com nomes muito parecidos de empresas já estabelecidas no mercado e pesquisas têm sido registradas no TSE com metodologias irregulares. Além disso, um terço dos levantamentos tem a própria empresa se declarando como o financiador do trabalho, o que levanta suspeitas. No Amapá e Roraima, esse índice passa de 80%. No Tocantins e no Pará, o patamar é de 70% e 60%, respectivamente.
— O custo do trabalho não é baixo. Então qual é o interesse das empresas de fazer as pesquisas sem que alguém pague? — afirma Meira.
Em Bananeira, na Paraíba, uma pesquisa foi impugnada porque a pessoa que consta como contratante negou que ele tenha pedido o serviço. A Justiça, então, proibiu o Instituto Nacional de Pesquisas de divulgar qualquer levantamento. Ao GLOBO, um representante da empresa que se identificou como Sílvio afirmou que um amigo indicou o nome dessa pessoa porque o documento necessário para a empresa declarar a pesquisa como autofinanciada não ficou pronto a tempo.
Faixa etária excluída
Já em Paracambi, no interior do Rio, uma pesquisa da Mappa Sudeste não considerou o eleitorado de 35 a 44 anos e, por isso, acabou impugnada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio. De acordo com o levantamento, a candidata do governo Aline Otília (PL) marcou 38%, enquanto o adversário Andrezinho Ceciliano (PT), 36%. Já um levantamento do Ipec colocou o petista com 56% contra 27% da adversária. Otília, que precisou retirar o resultados das suas redes, foi procurada através da assessoria da prefeitura, que não respondeu ao GLOBO, assim como a empresa.
— A pesquisa pode fazer com que o eleitor, sobretudo o indeciso, vote no candidato que tem mais chance de ganhar, o chamado voto útil. No Brasil, existe um mercado de pesquisas idôneas, mas começaram a ser produzidos inúmeros trabalhos com resultados bastantes questionáveis e até falsos que enganam eleitores e candidatos. É um fenômeno nunca antes visto no país que faz parte de um processo de promoção deliberada de desinformação global — explica Mara Telles, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel) e professora da UFMG.
Também no Rio, outras suspeitas chegaram ao TRE. Um mesmo instituto, o Costa e Mariath, responde a diferentes acusações: em Resende, no Sul Fluminense, o levantamento foi suspenso por um juiz eleitoral na semana passada. De acordo com o Ministério Público, até pessoas de fora da cidade tinham sido entrevistadas para o levantamento. Há ainda suspeitas de que ele funcionaria no endereço de um salão de beleza e também há denúncias de fraude contra esse instituto em Duque de Caxias, Niterói, Rio Bonito, Rio das Ostras e Cachoeiras de Macacu.
“Ademais, restou evidenciado o caráter duvidoso da atuação da empresa, seja pela inusitada localização de sua sede em ambiente inadequado às suas finalidades empresariais, seja pela sua recente constituição, fatores que comprometem sobremaneira a confiabilidade dos resultados divulgados”, diz a decisão de Hindenburg Köhler da Silva.
Ao GLOBO, o Costa e Mariath alegou, em nota, que o bairro contestado como sendo de fora de Resende faz parte da cidade, segundo dados do IBGE, e que o endereço pertencente a um salão de beleza é o antigo escritório da firma, quando não existia o salão.
“Sempre é contestada”
Em Picos, uma das maiores cidades do Piauí, já foram 24 pesquisas e algumas com resultados bem diferentes. Os dois principais candidatos do município têm divulgado levantamentos que colocam suas campanhas na liderança. Pablo Santos, divulgou uma pesquisa em que ele tinha 58% e o adversário, Gil Paraibano, 24%. Já Gil Paraibano apresentou outro levantamento. Nesse, ele aparece com 50% e Pablo com 41%. O GLOBO procurou as campanhas, mas não teve respostas.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral do estado, o Instituto Credibilidade, que foi responsável por uma das pesquisas em Picos, chegou a ser multado por distorcer um levantamento em Redenção do Gurgueia, no Sul do Piauí, por “enganar o eleitorado”. A empresa foi multada em R$ 53 mil. Segundo Vilandelmar Santana, sócio da empresa, ela ainda não foi informada pela Justiça da condenação, que foi confirmada pelo TRE do estado ao GLOBO:
— Aqui, no Piauí, em todo município onde é feito uma pesquisa sempre um lado tenta impugnar o resultado. Os advogados inventam mentiras e acabam induzindo os juízes a erros que depois muitas vezes conseguimos reverter.
O Piauí já tem mais de 700 pesquisas eleitorais registradas, 50% a mais do que todo o período eleitoral de 2020. Mesmo com pouca população e baixa atividade econômica, esse é um dos três estados com mais levantamentos eleitorais do país. Acima dele, só Goiás e São Paulo. A cidade de Teresina, por exemplo, é a capital com mais sondagens do país: são 71. Esse número é maior do que alguns estados, como Ceará (48) e Paraíba (43).
— Nossa empresa faz pesquisas no Piauí, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia desde 2004. É quem mais atua no Piauí. E agora virou um mercado de negócios. Muita gente aproveitando a onda para faturar alguma coisa. Infelizmente, surgiram muitas empresas que deixam a desejar no seu trabalho — diz Santana.
Com informações do GLOBO.
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