Embarcação com ajuda humanitária foi abordada pela Marinha israelense no Mediterrâneo;
As Forças Armadas de Israel interceptaram neste domingo (8) uma embarcação com ativistas internacionais que tentavam romper o bloqueio marítimo imposto à Faixa de Gaza desde 2007. A informação foi divulgada pela organização Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC) e confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores israelense. O barco, de bandeira britânica, transportava um carregamento simbólico de ajuda humanitária e tinha a bordo 12 passageiros, incluindo nomes conhecidos como a ativista climática sueca Greta Thunberg, a eurodeputada francesa Rima Hassan e o brasileiro Thiago Ávila.
O veleiro Madleen, que zarpou da Sicília no dia 6 de junho, foi abordado por forças navais israelenses enquanto navegava próximo à costa egípcia, nas imediações de Gaza. De acordo com vídeo publicado nas redes sociais da FFC, o ativista holandês Mark van Rennes denunciou que o barco foi “sequestrado”. Já o governo de Israel afirmou que a operação foi legítima e que a embarcação está sendo levada para seu território.
— O ‘iate das selfies’ das ‘celebridades’ está navegando em segurança para a costa de Israel. Espera-se que os passageiros retornem aos seus países de origem — ironizou o Ministério das Relações Exteriores israelense, em postagem nas redes sociais.
O Exército israelense também divulgou imagens da abordagem, nas quais um militar ordena, por alto-falante, que o barco altere sua rota. “A zona marítima ao largo da costa de Gaza está fechada ao tráfego naval como parte de um bloqueio naval legal. Se você deseja entregar ajuda humanitária, pode fazê-lo através do porto de Ashdod”, disse um oficial à tripulação.
O carregamento levava arroz, fórmula infantil e outros suprimentos básicos. No sábado, a ativista alemã Yasemin Acar havia declarado à agência AFP que o grupo pretendia alcançar Gaza na manhã de segunda-feira. Segundo ela, o objetivo era chamar atenção internacional para a crise humanitária no território palestino.
A interceptação ocorreu após o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ordenar que as Forças de Defesa impedissem a chegada do Madleen à Faixa de Gaza. “A Greta, a antissemita, e aos seus companheiros, porta-vozes da propaganda do Hamas, digo claramente: voltem, porque não chegarão a Gaza”, afirmou Gallant, em tom contundente.
Israel impôs o bloqueio naval a Gaza em 2007, após o grupo Hamas tomar o controle do território. Desde então, a medida tem sido mantida como forma de impedir o transporte de armas ao enclave palestino. A atual guerra, iniciada após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023 — que deixou mais de 1.200 mortos segundo autoridades israelenses — intensificou ainda mais o cerco.
Do lado palestino, o Ministério da Saúde de Gaza afirma que mais de 54 mil pessoas foram mortas desde o início da ofensiva militar israelense. Organismos internacionais, como a ONU, alertam que a maioria dos 2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza enfrenta fome extrema e vive sob condições humanitárias críticas.
A Coalizão da Flotilha da Liberdade, responsável pela missão, afirmou que continuará organizando ações similares para desafiar o bloqueio. “Levamos solidariedade e alimentos, não armas. Nosso único objetivo é chamar atenção para a catástrofe que se desenrola em Gaza”, declarou a organização em comunicado.
Até o momento, não há informações sobre prisões ou acusações formais contra os ativistas detidos a
bordo do Madleen.
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