Agência destaca a necessidade de reformas fiscais para elevação da nota,
Em um cenário econômico que exige atenção às políticas fiscais e de endividamento, a S&P Global Ratings decidiu manter a nota do Brasil em BB com perspectiva estável, o que significa que, por enquanto, não se espera uma mudança significativa na classificação do país nos próximos dois anos. A decisão, anunciada nesta quinta-feira, 5 de junho, ocorre menos de uma semana após a Moody’s revisar a perspectiva do Brasil de positiva para estável, refletindo a complexidade da situação econômica nacional.
Atualmente, o Brasil encontra-se dois degraus abaixo do grau de investimento, o que representa um desafio para a atração de investidores internacionais. Esse selo de “bom pagador” seria fundamental para reduzir o custo de financiamento do governo, que, sem ele, precisa oferecer juros mais altos para captar recursos no mercado. O cenário de endividamento crescente e a necessidade urgente de reformas fiscais têm sido um peso para a classificação do país. A dívida pública é, sem dúvida, um dos fatores cruciais que impedem o Brasil de ser incluído no seleto grupo de países com grau de investimento.
A S&P destacou que, para o Brasil avançar em sua nota de crédito, será necessário implementar políticas fiscais que resultem em superávits primários mais robustos e reduzam a rigidez orçamentária. No entanto, a agência não vê essa melhoria no cenário imediato, indicando que qualquer movimento mais forte contra a fragilidade fiscal provavelmente só ocorrerá após as eleições de 2026. “Políticas voltadas à consolidação fiscal promoveriam um ambiente de taxas de juros mais baixas, contribuindo ainda mais para o crescimento econômico”, afirmou a S&P em seu relatório.
No entanto, a agência também não descartou a possibilidade de uma redução na nota do Brasil nos próximos dois anos, caso as políticas fiscais não sejam ajustadas, resultando em um aumento da dívida mais rápido do que o esperado. A pressão sobre os gastos públicos e a incapacidade de controlar o endividamento poderiam levar a uma deterioração na confiança dos investidores, afetando diretamente o fluxo de investimentos estrangeiros e a posição externa do país.
A classificação atual do Brasil em BB, atribuída pela S&P, mantém o país a dois degraus do grau de investimento. De acordo com a escala da agência, o próximo patamar seria o BB+, considerado um nível de alta qualidade, porém com risco especulativo. No topo da escala, o grau de investimento é representado pelo AAA, o nível mais alto, indicando a menor chance de inadimplência e risco de crédito.
No cenário internacional, outras grandes agências de classificação de risco, como a Fitch, também atribuem ao Brasil uma nota de BB com perspectiva estável, o que reforça a necessidade de medidas fiscais estruturais e uma abordagem coordenada entre governo e Congresso para melhorar as condições econômicas e fiscais do país.
Com o cenário político e econômico ainda em transição, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta desafios significativos para implementar as reformas necessárias para alcançar o grau de investimento. A expectativa inicial do governo era de que o Brasil pudesse recuperar o selo de bom pagador até o final do seu mandato. No entanto, com as reformas fiscais em andamento e a necessidade de estabilidade política, a meta parece cada vez mais distante, dependendo de uma série de fatores econômicos e políticos que precisam ser cuidadosamente orquestrados nos próximos anos.
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