Empresa de tecnologia alvo de ação intermediava conexões
Clientes de diversos bancos enfrentaram instabilidade no acesso ao Pix após um sofisticado ataque cibernético à C&M Software, empresa de tecnologia responsável por intermediar a conexão de pequenas instituições financeiras com os sistemas do Banco Central (BC). Estima-se que os criminosos tenham desviado ao menos R$ 800 milhões, configurando o maior ataque já registrado envolvendo sistemas ligados ao BC.
A C&M prestava serviços a 22 instituições, incluindo bancos de menor porte, cooperativas e instituições de pagamento que não possuem conexão direta com a infraestrutura do BC. Com o ataque, o Banco Central determinou o desligamento imediato das conexões da empresa com o sistema do Pix, o que deixou os clientes dessas instituições temporariamente sem acesso à plataforma de pagamentos instantâneos.
“A C&M Software comunicou ataque à sua infraestrutura tecnológica. O Banco Central determinou o desligamento do acesso das instituições às infraestruturas por ela operadas”, afirmou o BC em nota oficial, sem citar nomes dos bancos afetados.
Entre as instituições prejudicadas está o Banco Paulista, que confirmou interrupções no Pix por conta de uma falha em seu provedor terceirizado. O banco ressaltou, em comunicado, que a falha foi externa e não comprometeu dados sensíveis nem gerou movimentações indevidas.
Outra instituição impactada foi a BMP, que relatou acessos indevidos a contas reserva — usadas exclusivamente para a liquidação de operações interbancárias e sem ligação direta com contas de clientes. A BMP informou que já tomou medidas legais e operacionais, garantindo ter colaterais suficientes para cobrir integralmente o valor desviado.
A Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso, e o Banco Central conduz uma investigação paralela. Segundo o diretor comercial da C&M, Kamal Zogheib, o ataque envolveu o uso fraudulento de credenciais de clientes para acessar os sistemas da empresa. Ele garantiu que os sistemas críticos da companhia seguem “íntegros e operacionais” e que a C&M colabora ativamente com as autoridades, incluindo a Polícia Civil de São Paulo.
Apesar da gravidade do ataque, o Banco Central afirmou que seus próprios sistemas não foram comprometidos e que o Pix segue operando normalmente para as instituições conectadas diretamente à sua infraestrutura. Enquanto isso, as instituições impactadas pela suspensão temporária buscam novos provedores para retomar o serviço.
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