Ex-deputado Natalino Guimarães vai para Bangu 1 e ficará isolado contra inimigos na galeria onde esteve Rogério Andrade

 

 

Operação, denominada Nova Grilagem, apresentou provas que incluem imagens de Natalino visitando um loteamento ilegal na região da Estrada da Fazendinha, em Búzios

O ex-deputado Natalino Guimarães, ex-líder da milícia Liga da Justiça, considerada a primeira e maior da Zona Oeste do Rio de Janeiro, enfrenta um ambiente delicado dentro do sistema prisional devido ao seu histórico de inimigos. Um exemplo dessa rivalidade foi o assassinato de seu irmão, o ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, morto em agosto de 2022 logo após deixar a prisão. Essa situação torna desafiador encontrar uma unidade que possa garantir sua segurança.

Por conta disso, como revela a jornalista Vera Araújo, em sua coluna Segredos do Crime, no Globo, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) decidiu mantê-lo no Presídio Laércio Pelegrino, Bangu 1, conhecido como “cofre”. Natalino deverá ocupar a mesma galeria que abrigava o contraventor Rogério Andrade, transferido recentemente para a penitenciária federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Natalino foi preso na manhã desta terça-feira (10) em uma operação conjunta entre a Promotoria de Búzios e a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A prisão preventiva foi decretada pela 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Capital. Ele é acusado de integrar uma organização criminosa, além de invasão de terras, crimes ambientais e loteamento irregular na cidade de Búzios, localizada na Região dos Lagos.

A operação, denominada Nova Grilagem, apresentou provas que incluem imagens de Natalino visitando um loteamento ilegal na região da Estrada da Fazendinha, em Búzios. Esses registros foram anexados ao processo e reforçam as acusações contra o ex-deputado e ex-policial civil.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o grupo criminoso liderado por Natalino se aliou à empresa Ômega Ville para promover o loteamento da área invadida e vender os terrenos. Além disso, Natalino é acusado de conceder lotes a figuras conhecidas por envolvimento com a milícia, em troca de serviços de segurança para as invasões. Após saírem da prisão, em 2018, os irmãos Jerominho e Natalino encontraram os territórios que anteriormente controlavam sob domínio de outras facções, segundo investigações da Polícia Civil da época. A dupla havia sido presa em 2007 pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e, durante os 11 anos em que permaneceram em unidades federais, perdeu grande parte de seu poder.

Eles foram sucedidos por ex-aliados como os ex-PMs Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, preso em 2009, e Toni Ângelo de Souza Aguiar, detido em 2013. Posteriormente, o controle passou para figuras como Marcos José Lima, o Gão, preso em 2014, e os irmãos Braga: Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes; Wellington da Silva Braga, o Ecko; e Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Carlinhos e Ecko foram mortos pela Polícia Civil, enquanto Zinho se entregou à Polícia Federal e está atualmente em um presídio federal. A Zona Oeste, especialmente os bairros de Campo Grande e Santa Cruz, permanece dividida entre prepostos de Zinho e seus inimigos.

A preocupação com a segurança de Natalino decorre das sucessivas mudanças no comando da região, que fizeram com que a família Guimarães acumulasse rivalidades. Para garantir sua integridade física, Natalino será mantido em uma cela de uma galeria especial, composta por 12 compartimentos, sob vigilância 24 horas.

Com informações de O Globo.

Postar um comentário

0 Comentários